28 novembro, 2010


Não me digas o que não sabes, não me digas que nem sempre sabes o que fazes, não me digas que não sabes o porquê de as coisas acontecerem, não me faças ter vontade de nunca mais te querer ver nem de receber noticias tuas, não querer saber se estás bem e feliz, se precisas de mim ou de outra coisa qualquer. Não me faças ter vontade de ficar até ao fim, de esgotar todas as minhas forças para no fim me dizeres que nem sempre as coisas são assim. Não o faças! Olha por ti, por todas as coisas pelas quais já passaste, olha para tudo mas não te fixes em nada, pensa em tudo o que dizes ter aprendido e que pelos vistos não te serviu de nada. Olha por mim, recorda cada momento, cada vez em que te fiz sorrir, cada palavra sentida que te disse, pensa que sempre tiveste o melhor de mim e que deveria ser sempre assim, não catives em mim algo que não queiras. Olha por nós, pelas horas que passamos juntos, pelos abraços, beijos, sorrisos, seja o que for, pensa que nem tudo é em vão, e ainda que me custe deixa-me continuar assim com a minha essência, com a minha força e energia. Lembra-te, que nada poderá derrobar a nossa alma, lembra-te de todas as coisas que te pude ensinar e de tudo o que me ensinaste, lembra-te que o que tivémos foi bonito e que o amanhã toda a gente desconhece. Deixa-me assim, capaz de ter sempre um sorriso para ti.

2 comentários:

  1. Que grande dedicatória!
    E como falas-te de um rapaz, falo-te agora de mulheres:

    A mulher! Não me canso de a exaltar. O
    que o homem é a seu lado! Um Adão inocente, um Édipo perplexo, um Otelo
    cego. Flor emblemática de futilidade, só ela sabe pecar sem remorsos,
    procriar sem vanglória, entender sem lógica. E sofrer
    ...paradigmaticamente, já que foi sempre a... Antígona heróica da grande tragédia da vida.
    Dona do mundo e depositária do futuro, nunca o quis parecer, sequer.
    Gentilmente, deixou essa presunção ao pobre companheiro que, depois de
    tantos milénios de convívio, continua a revolucionar os tempos sem
    perceber que é ela o cordão umbilical da História.

    ... Diário de Adolfo Correia Rocha, mais conhecido por Miguel Torga. pp. 1373, 74 (da 2ª ed. integral)

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Verdades .